Acidentes de trabalho crescem 16% em Londrina
De 2007 a 2010 – último levantamento feito pelo Ministério da Previdência Social – o número de comunicações de acidentes de trabalho, em Londrina, cresceu 16,43%. Em 2010, foram 2.827 comunicações dos três tipos de acidentes de trabalho: típico (ocorrido dentro da empresa), de trajeto (no caminho rotineiro entre a casa, o trabalho e vice-versa) e doenças ocupacionais (provocadas pelo trabalho) contra 2.657 registrados em 2009; 2.600, em 2008; e 2.428, em 2007. O número representa 7% de todos os acidentes comunicados no Paraná em 2010, que somaram 40.157 ocorrências. Em 2009, foram 40.776 e em 2008, 40.340 ocorrências no Estado.
Pelos dados do Ministério, em 2010, 552 londrinenses sofreram acidentes de trajeto; 2.221, acidentes típicos e 54 foram vítimas de doenças ocupacionais. Os números apontam um crescimento em cada uma dessas categorias. Em 2009, por exemplo, foram 539 pessoas acidentadas no trajeto para o trabalho; 2.073, dentro das empresas; e 45 com doenças ocupacionais. Nem todos, porém, resultaram em afastamento do trabalho por mais de 15 dias. Do total de 2.827 comunicações em 2010, apenas 42,62% (1.205 pessoas) receberam auxílio-doença por acidente de trabalho, com afastamento das funções por período acima de 15 dias.
A chefe interina da Fundacentro do Paraná, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, Evelyn Joice Albizu, diz acreditar que a expansão da mão de obra e o boom da construção civil podem estar relacionados ao aumento no número de acidentes. “Se um operário martelar o dedo, isso já é considerado um acidente”, exemplifica. “Com relação às doenças ocupacionais, acho até que o dado está subestimado, ele é mais expressivo. É que em uma exposição química, os danos podem aparecer depois de 10, 15 anos”, esclarece.
Pressões
No entanto, o que mais chama a atenção dos especialistas é a quantidade de acidentes de trajeto, que, em 2010, representaram quase 25% do total. “As empresas têm exigido muito dos funcionários, principalmente dos motoboys. Como eles ganham por produtividade, andam mais rápido e se acidentam com mais facilidade”, observa a coordenadora do curso em segurança do trabalho da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTF-PR), Campus Londrina, Sueli Tavares de Melo Souza. “Além disso, os funcionários estão expostos a muitas pressões, saem do trabalho esgotados, de cabeça cheia, e acabam se distraindo. Você não procura o acidente, ele acontece porque você se distraiu.”
Para Sueli, é fundamental que as empresas invistam em mão de obra qualificada e no bem-estar dos empregados, para que eles trabalhem mais satisfeitos e estejam menos suscetíveis ao stress e eventuais distrações. “E no caso de empresas que oferecem transporte para os funcionários, esse tipo de acidente quase não existe. É um investimento válido”, acrescenta.
Fonte: Jornal de Londrina