Alckmin extingue delegacia que investigava acidentes da CPTM

18/12/2011 13:36

O órgão, que investigava as causas do acidente, passou a se chamar Divisão de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente. O fato veio à tona a partir da denúncia feita pelo Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana, que acompanha as investigações.

Questionada sobre o porquê de sua extinção, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a decisão “foi baseada na otimização dos recursos humanos e materiais”. Vale registrar, ainda, que a SSP divulgou uma informação errada sobre a data da publicação no Diário Oficial, afirmando que sua extinção teria sido no dia 28 de novembro, uma segunda-feira. O mesmo decreto cria o Grupo de Operações Especiais (GOE) no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania.

“Para nós eles não disseram nada. Não temos a posição oficial do lado deles sobre a extinção da delegacia. Ficamos sabendo por um veículo de imprensa, que tentou contato com a delegacia para apurar e tomou conhecimento. Atuo há mais de 20 anos no sindicato e nunca vi algo assim. É no mínimo estranha essa coincidência. Ainda estamos atrás do delegado que estava responsável pelas investigações para entender o que houve”, afirmou Everson Craveiro, presidente do Sinferp.

O atropelamento de quatro funcionários da CPTM, que resultou na morte de três deles, foi registrado na Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom) e encaminhado à 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente, o Meio Ambiente do Trabalho e as Relações do Trabalho, do DPPC. Segundo o titular da Delpom, Valdir de Oliveira Rosa, com a extinção, o inquérito policial seguiu para o Fórum e deverá retornar para a Delegacia de Polícia do Metropolitano.

Everson Craveiro contou que o sindicato esteve na 3ª Delegacia Seccional no setor de investigações gerais de Osasco, em São Paulo, procurando informações sobre o delegado Archimedes Cassão Veras Junior, até então responsável pelo inquérito que vitimou os três trabalhadores do primeiro acidente, onde foi dito que não seria possível encontrar o delegado, pois não sabiam para onde ele teria sido transferido, já que sua seção (Investigação de Infrações do Ambiente de Trabalho) havia sido extinta. Posterior a isso, Craveiro disse que descobriram que Archimedes Veras Junior teria saído de férias. A SSP não confirmou a informação.

Craveiro alerta sobre a precariedade na condução da investigação que, segundo ele, deveria estar aos cuidados de uma delegacia especializada, e não da Delegacia de Polícia do Metropolitano, localizada na Estação Palmeira-Barra Funda.

"Fico indignado com a falta de gestão específica do sistema de segurança. Há procedimentos de segurança, mas são duvidosos. Falta treinamento e pessoal. Eles investem na compra de trens, mas também é preciso mais treinamento", concluiu o presidente do sindicato.

Outro fato que Craveiro estranha é a falta de repercussão na grande mídia sobre a extinção da delegacia. "Eles (grande mídia) têm as informações. Não sei porquê estão segurando", questionou o dirigente sindical.

A CPTM abriu sindicância interna, logo após o acidente, e tem 30 dias para apresentar a conclusão, que pode resultar numa revisão dos procedimentos de segurança.

No madrugada de domingo (27), os funcionários trabalhavam quando foram mortos atropelados por um trem de passageiros, entre as estações Brás e Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Segundo a companhia, as vítimas estavam transitando nos trilhos da Linha 11-Coral, sentido Luz, quando foram atingidas pela composição. Depois de testar um novo trem, os quatro caminhavam sobre a linha, o que seria proibido. A companhia diz que eles estavam sem os equipamentos de proteção, entre eles, o colete refletivo.

Outro acidente

Cinco dias depois, dois trabalhadores também morreram atropelados, em Barueri, na Grande São Paulo, quando realizavam inspeções nos trilhos. Edgar Antônio Dalbo, de 55 anos, e Antônio Camilo Severino, de 63 anos, foram pegos de surpresa por uma composição que seguia no sentido contrário da linha.

“Eles (trabalhadores) saíram com uma ordem de serviço autorizando a ida deles até o local, para verificar o boleto da linha férrea, que é a parte superior do trilho, onde as rodas do trem ficam apoiadas. Para fazer isso, muitas vezes é necessário ficar no trilho, ou bem próximo a ele”, explicou o dirigente sindical Evangelo Lucas, conhecido como Grego, que esteve no local onde, na manhã de hoje (2), Edgar Antônio Dalbo, de 55 anos, e Antônio Camilo Severino, 63, faziam uma inspeção de rotina em uma linha de trem quando foram atingidos por uma composição de passageiros que estava vazia.

No entanto, a CPTM afirmou, em nota, que eles estavam autorizados a realizar inspeções ao longo da faixa ferroviária, mas não deveriam acessar os trilhos. Com relação a esse outro acidente, o titular da Delegacia de Barueri, Francisco Missaci, relatou que o caso foi registrado na delegacia e o inquérito policial foi instaurado e prossegue na própria Delegacia de Barueri.

Fonte: Vermelho