Brigadistas controlam incêndio na Chapada
O incêndio que atingiu a Serra do Capa Bode, na Chapada Diamantina, desde segunda- -feira, foi controlado na madrugada desta quinta-feira, 06, por um grupo de 57 brigadistas voluntários, mas o fogo chegou a atingir uma área de cerca de mil hectares. Para conter as chamas, os brigadistas também contaram com a ajuda da chuva que caiu na região durante a madrugada.
“Eram vários focos e, quando conseguíamos apagar um, nos deparávamos com outro. Isto somado à falta de água e o terreno irregular era a nossa dificuldade para conseguir controlar o fogo com mais rapidez”, contou o brigadista Wellinton Camandaroba.
De acordo com Pablo Casella, analista ambiental do Instituto Chico Mendes, instituição responsável pela coordenação da ação no local, ao lado da Secretaria de Meio Ambiente e do Corpo de Bombeiros, a chuva durante a madrugada ajudou a fazer o rescaldo do incêndio. “Mas vamos sobrevoar a região para verificar se há ainda focos de fogo e qual a real situação da área atingida”, informou.
A causa - Segundo a coordenação da operação, ao contrário do que se acreditava, tudo indica que o incêndio não foi natural, mas provocado, já que não houve queda de raio na região nesse período. “Não sabemos quem ou qual o motivo do incêndio, mas a perícia deve indicar o que o provocou e onde teve início, mas a autoria, esta sim fica mais difícil”, disse o ambientalista.
Embora não se saiba oficialmente quantos animais morreram, brigadistas revelaram que encontraram cobras e ninhos com pássaros, além de inúmeras espécies de plantas, como orquídeas, bromélias e cactus, atingidas pelo fogo. “Na verdade, um incêndio como este afeta as populações, que ficam com suas variabilidades comprometidas. No local, volta a nascer vegetação rapidamente, mas a variedade das espécies é que fica comprometida”, explicou Pablo Casella.
Após o combate, os brigadistas voltaram para as cidades de onde vieram e o local do incêndio não será vigiado, uma vez que não há pessoal suficiente para atender à região. “Além de ser um local sem histórico de reincidência, ou seja, que aconteça de forma constante incêndios”, afirmou Casella.
A operação contou com 70 brigadistas e 26 bombeiros vindos de Lençóis, Ibicoara, Palmeiras, Andaraí, Mucugê, Igatu e Feira de Santana.
Prevenção - Apesar do período crítico, entre os meses de agosto e dezembro, para a Chapada Diamantina, por ser bastante seco e com baixa úmida do ar, não há uma projeto concreto de prevenção a incêndios. “O que há, na verdade, são mirantes, locais estratégicos para observação, que, na minha opinião, é mais para combate do que prevenção, já que os brigadistas que ficam lá só percebem o fogo quando há fumaça ou chamas, dificilmente conseguem ver o causador antes da ação”, frisou.
Outro detalhe é que, por ser uma área acidentada onde predominam os campos rupestres, com plantas sob rochas ou fendas, há dificuldade de se fazer um trabalho preventivo eficaz. “Uma saída para evitar a propagação do fogo seria o arceiro, que são faixas com solo exposto. Mas, devido à irregularidade do solo, não teríamos resultado satisfatório”, destacou.
Fonte: A Tarde