Ministério do Trabalho faz inspeção em matadouro de Delmiro Gouveia-AL

20/10/2011 14:00

Preocupado com as péssimas condições de trabalho nos matadouros alagoanos, o Ministério Público do Trabalho cumpre mais uma etapa para buscar soluções para resolver o problema. Junto com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, realizou inspeção no matadouro de Delmiro Gouveia, município distante 283 quilômetros da capital, para conhecer o processo de abate e como estão as condições do local.

A procuradora-chefe do MPT em Alagoas, Rosemeire Lopes Lôbo, o procurador do Trabalho Gustavo Accioly e o auditor fiscal do Trabalho Gilberto Pereira constataram que a administração do matadouro foi repassada pelo município para uma empresa, por meio de concessão pública. No local é realizado abate aéreo, ou seja, o boi não fica no chão, como acontece em outros abatedouros, e há uma câmara fria com capacidade para 150 animais e
outra está sendo construída.

O gerente da empresa concessionária, Paulo Henrique Guedes, explicou que a execução do animal é feita com uso de pistola de ar comprimido e, em seguida, o boi é pendurado e segue para retirada do couro e corte da carne. “As vísceras do animal são colocadas em bandejas de alumínio, sem nenhum contato com o chão. Nosso ambiente é todo revestido de azulejo, o que facilita a higienização”, justificou.

Guedes garantiu à equipe de fiscalização que todos os empregados recebem equipamentos de proteção individual (EPIs). No entanto, os procuradores alertaram que não basta apenas fornecer. “O administrador deve conscientizar o trabalhador sobre a importância de usar EPIs e fiscalizar se realmente estão sendo usado. Isso previne acidentes”, disseram.

Atualmente, são abatidos cerca de 200 animais entre bovino, suínos e caprinos, mas o matadouro está em reforma para ampliação e adequação às normas ambientais e de saúde e segurança do trabalho. O local conta com nove empregados com carteira assinada, mas passará a ter 24, sendo 13 para o abate e 11 fateiras. O gerente garantiu que não é permitido o acesso de crianças ao frigorífico, mas admitiu que pessoas estranhas entram no
estabelecimento.

Os procuradores e auditor fiscal disseram que a empresa não deve permitir que pessoas não pertencentes ao quadro de pessoal exerçam quaisquer atividades no estabelecimento. Gilberto Pereira disse ainda que na câmara fria deve haver um dispositivo na porta que permita a abertura pelo lado interno. “Isso evitará acidentes, permitindo que o trabalhador consiga abrir a porta se ficar preso”.

Sobre a existência de técnico em segurança e saúde no trabalho, o gerente informou que há um profissional contratado em Fortaleza-CE, que irá para Delmiro resolver questões ligada a essa área. Quanto a essa questão, o procurador Gustavo Accioly deu prazo de 60 dias para a concessionária apresentar documentos como os programas de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO).

Fonte: Primeira Edição