Polícia indicia dono de construtora por acidente em obra em Salvador
O dono da construtora Segura será indiciado pela Polícia Civil da Bahia por suspeita de homicídio culposo (sem intenção) no episódio da queda de um elevador que matou nove operários no mês passado em Salvador.
Resultado de perícia divulgado nesta sexta-feira (23) aponta que uma sucessão de erros na operação do elevador motivou o acidente, no último dia 9 de agosto. O equipamento caiu do 20º andar, altura equivalente a 60 metros, em um prédio em construção.
A análise técnica verificou falta de manutenção preventiva do guincho e do sistema de freio de emergência do equipamento. Apontou, por exemplo, desgaste e corrosão na roldana que segurava o cabo do elevador.
Concluiu que os responsáveis pela manutenção não seguiram normas-padrão – apesar de experiência na área, não tinham qualificação técnica. “A construtora não apresentou documentos comprovando a realização de inspeção mensal no elevador”, disse a delegada Jussara Souza.
A reportagem do iG esteve no local logo após o acidente, no mês passado, e ouviu relatos de irregularidades no elevador por funcionários da obra e auditores do Trabalho que chegaram depois da queda.
O dono da construtora, Manoel Segura, como engenheiro responsável pela obra, deverá responder por homicídio culposo, provocado sem intenção de matar, mas resultado de negligência, imprudência ou imperícia. A empresa, fundada em 1983, é uma construtora tradicional na capital baiana, responsável por grandes prédios de escritórios em áreas nobres.
Funcionários da sede da empresa em Salvador informaram por telefone na manhã desta sexta que não havia ninguém para atender a reportagem. Em nota divulgada após o acidente, a Segura informou que prestava assistência às famílias das vítimas e que o elevador funcionava “dentro das normas técnicas, de segurança e de manutenção”.
A delegada Souza afirmou que a perícia se ateve às causas diretas do acidente. A eventual responsabilidade de outras pessoas ou órgãos, disse, será apurada durante a fase processual. O inquérito do caso está em fase de conclusão - depende apenas da entrega de laudos de necropsia das vítimas.
A Prefeitura de Salvador, por meio da Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo), é questionada por supostamente não ter fiscalizado a obra. A construção só foi interditada pelo órgão após a queda, medida suspensa na semana passada. Em nota divulgada nesta sexta (23), a Sucom informou que promoveu “vistoria geral” na construção e constatou “que não havia motivos para mantê-la paralisada”. À época do acidente, a Sucom afirmou que "aparentemente não havia nada de ilegal na obra".
Fonte: Último Segundo